Por Tanael Cesar Cotrim
Há ligações interessantes entre linguagens artísticas, convergências recônditas. São características técnicas, estéticas e éticas que perfazem caminhos alternativos ao do conceito de "influência". Descortinam correlações estruturais, portanto diacrônicas, universais, sem a marca definitiva do tempo e do espaço. Níveis inconscientes de associações. Parece o caso da relação entre o diretor de cinema francês Paul Vecchiali e o espanhol Pedro Almodóvar. A contraprosódia entre os dilemas existenciais e o mundo objetivo, a disposição de objetos com força icônica, enquadramentos que evidenciam o conflito entre personagem e ambiente dramático e dilemas pendulares entre a ética e a moral individual são elementos constituintes das obras de ambos. A tensão do suspense e a surpresa com o mistério costuram os jogos cognitivos jogados em tabuleiro lógico de cromatismos.
Tudo Sobre Minha Mãe (1999), de Pedro Almodóvar, e A Chantagem (1975), de Paul Vechialli, dialogam por éter, conversa anímica. Dois surpreendentes filmes.
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